Bate o peito
como datilografia.
Velho coração
emputecido
pelo toque da mão
na maçaneta do portão.
Tento respirar
em pausas.
Paro dez vezes e
agonizo quinze.
As vozes da rua
chamando o dia
pra morrer na tarde
no funeral da noite,
até que tudo
esteja morto.
Só preciso
sair de casa.
Cérebro empapado
de pensamento inútil.
Mil imagens nos olhos.
Milhões de tragédias.
Bilhões de gente.
Nenhuma solução.
Enfio a chave na
tranca enferrujada e
torço meu pulso.
Sepá eu fico melhor.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
OS GATOS SABEM
Quando o sorriso amarga
em meu rosto,
o gato pula no meu colo
e faz dele sua cama.
Me atravessa com
os olhos felinos.
Ele sabe, eu sei.
O que mais saberemos?
"21 de Janeiro e
nesta semana tem feriado",
eu digo.
"O medo é ilusão",
ele responde.
"Cerveja quente dá caganeira",
eu digo.
"Em 100 anos, toda sua história
estará morta",
ele responde.
"Ganho menos que o mínimo",eu digo.
"Me alimente, humano patético",
ele responde.
Esfrega o rosto
nos meus dedos
amarelos de nicotina.
Do quarto à cozinha,
costurando minhas pernas
até que o primeiro grão
da ração caia em seu
potinho.
Aí ele me ignora.
Ter vida é como ter gato;
faça seu melhor
até ser esquecido.
Mas tá ok.
Gatos são fofos,
vidas são maravilhosas.
em meu rosto,
o gato pula no meu colo
e faz dele sua cama.
Me atravessa com
os olhos felinos.
Ele sabe, eu sei.
O que mais saberemos?
"21 de Janeiro e
nesta semana tem feriado",
eu digo.
"O medo é ilusão",
ele responde.
"Cerveja quente dá caganeira",
eu digo.
"Em 100 anos, toda sua história
estará morta",
ele responde.
"Ganho menos que o mínimo",eu digo.
"Me alimente, humano patético",
ele responde.
Esfrega o rosto
nos meus dedos
amarelos de nicotina.
Do quarto à cozinha,
costurando minhas pernas
até que o primeiro grão
da ração caia em seu
potinho.
Aí ele me ignora.
Ter vida é como ter gato;
faça seu melhor
até ser esquecido.
Mas tá ok.
Gatos são fofos,
vidas são maravilhosas.
RELACIONAMENTO VIOLÃO
Eu não sei amá-lo.
Não nos encaixamos.
Tento dizer "eu te amo"
com meus dedos,
e ele diz
"nÃo QuErO nAdA sÉrIo".
A dissonância da
distância entre
o que quero dele e
o que quer de si.
Vamos cantar
nossas canções
como se soubéssemos
as letras.
Acorde na melodia
do meu gemido
e do seu orgasmo.
Nosso som amadureceu.
Quero experimentar
com outros instrumentos
e fazer a música preferida.
As cordas arrebentam.
Ele chora por
tê-lo estourado.
Acho que música
não é pra mim.
Tento tocar
"não quero nada sério"
com meus dizeres,
e ele diz
"mas já te amei".
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
MAIS UM DIA
Porra, cê tem um cigarro?
Porque aqui tá um saco.
Tô preocupado de ser cobrado
e ter que pagar
ficando parado.
Meu isqueiro tá sem gás.
Meu dinheiro ficou pra trás,
nas mãos de um alguém
onde "nãos" se reproduzem.
É fácil perder o rumo
neste mundo onde
o sujo faz pior que o imundo.
Mas certos costumes eu não mudo.
Não, eu não fico mudo
quando há algo pra
colar na sua cara.
Minha mente se prepara;
carrego os versos e
a poesia dispara.
Andando, cansado,
abordando desavisado.
Mais um dia da via infinda.
Mais um cigarro pra descolar trocados.
Muito obrigado.
Porque aqui tá um saco.
Tô preocupado de ser cobrado
e ter que pagar
ficando parado.
Meu isqueiro tá sem gás.
Meu dinheiro ficou pra trás,
nas mãos de um alguém
onde "nãos" se reproduzem.
É fácil perder o rumo
neste mundo onde
o sujo faz pior que o imundo.
Mas certos costumes eu não mudo.
Não, eu não fico mudo
quando há algo pra
colar na sua cara.
Minha mente se prepara;
carrego os versos e
a poesia dispara.
Andando, cansado,
abordando desavisado.
Mais um dia da via infinda.
Mais um cigarro pra descolar trocados.
Muito obrigado.
JOGAR CONVERSA FORA
Os olhos falam todas as línguas.
Os meus dizem aos seus,
nos passos ansiosos da avenida,
que eu quero te botar
num poema.
Gosto de ver que você
me viu também.
E o meu dia estava tão esquisito.
Já se fora quase um maço e
ainda nem é noite.
Mas nesse momento,
nessa conversa que
só a gente sabe que existe,
sinto que eu posso ficar sóbrio.
Sóbrio pra degustar tudo
o que poderia ser nós dois.
Pena que, porra, cê tá subindo
e eu descendo.
E ninguém teve coragem
pra falar com o corpo inteiro.
Jogamos a conversa fora,
os olhares se perdendo,
espalhados pela calçada.
Os meus dizem aos seus,
nos passos ansiosos da avenida,
que eu quero te botar
num poema.
Gosto de ver que você
me viu também.
E o meu dia estava tão esquisito.
Já se fora quase um maço e
ainda nem é noite.
Mas nesse momento,
nessa conversa que
só a gente sabe que existe,
sinto que eu posso ficar sóbrio.
Sóbrio pra degustar tudo
o que poderia ser nós dois.
Pena que, porra, cê tá subindo
e eu descendo.
E ninguém teve coragem
pra falar com o corpo inteiro.
Jogamos a conversa fora,
os olhares se perdendo,
espalhados pela calçada.
Assinar:
Postagens (Atom)