segunda-feira, 19 de março de 2018

RECICLÁVEL

Uma vez eu quis me espalhar
em pequenos pedaços de papel.
Larguei muitos futuros pra
fazer as pazes com o agora.
E eu larguei até

meus erros, meu jeito,
esboço frio da agonia.
Preto refletindo o escuro,
alastrando na retina
a convivência entre os planos
e os anos que vão passando.
No abismo eu encaro a carne,
poço cheio transbordando
o alarde dessas vozes
dizendo que é tudo engano.
Se não posso mais ser eu,
o que sobra disso tudo?
Sobra o mundo, o fundo,
o prato abandonado.
Bênção de ser humano,
Maldição de ser sagrado.
Covardia, despreparo,
amarrado ao agrado
de um outro ser humano
cheio de medo do palco.

Posso ser eu. Assim tá bom?
E você pode ser o que você é.
Desse jeito mesmo.
Nossas diferenças nos completam.
Posso me colar pelas ruas,
dizer o que penso e propagar
minha essência como um vírus.
Mostrar minha imperfeição e
o reflexo do que é sentido.
Larguei muitos futuros pra gente
poder se ver.
Agora basta abrir os olhos e
deixar fluir.

quinta-feira, 15 de março de 2018

UMA CONVERSA

Daqui a pouco a gente fala.
Deixa eu acender um antes...
Frase solta que me empala:
"Não consigo ir adiante"
Problemas vão aparecer.
caneta grita
a vida
em folhas de sulfite
acima de palpite.
Conquistas vai merecer
aquele que sobreviver
ao ódio mascarado.
Bom samaritano? Ha! Meu rabo!
Fujo no fumo num canto inseguro
porque não assumo minha voz
no tumulto.
Sem precisar sangrar numa letra
Sem descartar aquilo que tenta
derrubar.
Rasteira carinhosa, mente quadrada.
Rasteira bem formosa, liberdade enquadrada.
Me vê uma dose. Me arranja um doce.
Como tiro de doze, mente derrete o controle.
Pra que realidade se o que ganha é maldade? Prefiro minha imagem nos braços de uma miragem.
Até eu acordar com ressaca maldita.
Notícia que dita
mortes desmerecidas.
O choro do anjos caem sobre os demônios torturando como insanos nossos planos, nossos enganos.
Entretanto tem saída;
poema que gira
o mundo de uma vez
e faz formar a fila
dos que não aguentam e sentam na
mesa de um bar
pra encher o copo e o corpo
e a alma esquentar.
Já chega, vamos conversar:
fugir não adianta quando tudo
tem que mudar.
- E o que vamos fazer?
- Não sei. Talvez fazer do que somos um rei. E esfregar o respeito na cara do medo.
- E se der errado?
- O importante é não morrer calado.

E o beck se apagou na chuva.

terça-feira, 6 de março de 2018

FRESCURA

Eu ainda te amo,
mas só os mais fortes sobrevivem e
não se tornam insanos.
Vou enfiar esse amor
no cu de outra pessoa,
com toda força.
Pois eu não posso ser vulnerável;
você não acha isso atraente.
Vou deixar essa frescura de lado,
passar por cima de
qualquer palavra que
soe decente.
Eu tô cansado de ter de beber
para ter coragem de ser
quem eu sou.
Deitar toda noite com desgosto
de mim mesmo, com vontade
de chorar e nunca mais encarar
a rua.
Tô cansado de pensar em suicídio,
de ter que fumar um
só pra relaxar do
estresse de engolir meus sentimentos,
meus instintos,
meu desejo de subir em cima
de você.
Achou ofensivo?
FODA-SE!
Achou defeituoso?
FODA-SE!
Achou ridículo? Inútil? Vai deixar
de gostar de mim?
FODA-SE!
Esse sou eu, pondo um
sorriso na merda do meu rosto
depois de tirar essa máscara de
alguém sensível.
Esse sou eu me adaptando a
guerra, ao caos, à miséria e
aos erros que você não assume e
que deixam tudo pior.
Esse sou eu tendo coragem de
dizer não ao jogo.
Sempre.
Me chupa.