Não, eu não vou dizer que me sinto só. Não é sobre isso. Na realidade eu tenho ótimas pessoas ao meu redor. Ótimos pais, ótimos amigos e ótimos desconhecidos. É que eu acho que entendi: vou morrer sozinho. E querendo ou não, sempre estou comigo mesmo. Distribuo meus textos sozinho. Durmo sozinho. Penso sozinho. E eu gosto, mesmo que as pessoas me digam: "nossa, você precisa sair mais" ou "você precisa responder os outros". É uma questão de autonomia, sabe? Porque é só quando eu tô sozinho que eu sou eu mesmo. Não preciso sorrir do que não é engraçado, concordar com o que discordo, brigar, argumentar, botar uma máscara. Não preciso dizer que gosto do Drummond (na realidade eu nem gosto de ler, olha só que ironia). Eu preciso de aceitação pra sobreviver, pra não afugentar as pessoas desse meu "eu" que, na maioria das vezes, não se importa se seu dia foi bom ou não. Sim, eu tô me fodendo pro seu final de semana, ou com o que você trabalha, ou com o seu nome. É isso o que sou sozinho. E essa parte pensa em suicídio toda vez que é forçada a se esconder. Então eu a agrado, passando horas e horas no meu quarto. Uma questão delicada. Eu nem iria escrever isso daqui se não fosse por ela, mas uma hora tudo o que você engole tem que sair por algum lugar. Ser sozinho é sobre não querer mentir para os outros.
A bateria do meu celular está acabando. Vou ter que desligar. Até mais. Beijo.