Ele estava tão bem que mal conseguia apagar o cigarro. Tirou o próprio tênis e matou a bituca como se fosse uma barata perdida. “Morre, desgraçado! Morre!”, repetira roucamente com voz de doido. Eu balançava o seu ombro, gritando para ele parar de ser retardado, conseguindo (de forma muito a desejar) segurar a gargalhada iminente. Nós tínhamos apenas uma noite à mais, com uns punhados de sorrisos e umas doses de conversas profundas sobre a vida. 300 ml de vinho e 200 ml de uísque. Uma cerveja que mornava em qualquer canto junto à um violão que gritaria a trilha sonora daquela noite.
“Toca Legião”, alguém sugeriu. Era sempre Legião. E então todos uivaram (uns mais afinados que outros) sobre o que foi escondido e o que foi prometido.
Este momento eu nunca esquecerei. Talvez porque ali, naquela loucura, as coisas faziam sentido.