eu bebo a noite num copo
de sei lá
viajo calçadas e mesas
na busca
de não sei o quê
esperando alguém
que nunca chega
calo meus pensamentos com cerveja
eles nadam no vazio que nos habita
segue minha escrita e minha bebida
em horas apressadas infinitas
eu sou aquilo que meu acaso
me rabisca
poderia viver nessas conversas
na nossa língua
guardo a tristeza míngua
num abraço que me abriga
eu caminho a noite num passo
eu faço ser humanices
no traço descompassado
tá tudo bem
quando o passado fica no passado
eu tô tão presente que estou te dando
uma parte minha em encanto
talvez hoje você seja
o que estou buscando
mas se não for
eu te canto em poesia
eu fumo a noite num trago
o maço noturno não dura até o dia
sua fumaça alcança a alegria
em tons respiratórios de despedida
a seda tá babada
viva a fantasia
da juventude esquecida
verde claro vira cinza
nos pés que dançam a melodia
estou tão seu que sua vida
parece ser a minha
mas não é, eu sei que não é
cada qual sabe a estrada que caminha
poema, poema
a arte de ser é via infinda
eu ressaco o dia
o soro pinga sobre a pinga
valeu a pena?
sou pescador de ilusões
e as frito na larica
minha alma bate na barriga
fome de vida?
quase sempre
meu paladar não tem saída.