quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

VOCÊ NÃO SABE MINHA FORÇA (ver. 3.0)

para eu estar aqui
com todos os meus átomos
vibrando o som
até suas orelhas
você não sabe quantas olheiras
tive de maquiar

com estes mesmos átomos
corro a rotina de São Paulo
onde chove sol e raia chuva
tão imprevisíveis quanto
minha luta

você não sabe minha força
veja: ainda estou aqui
apesar dos meus piores dias
de ter sobrevivido ao que não pude

meu espelho quer que eu mude
aquilo que ele não reflete
os rabiscos presentes da vida
cicatrizando debaixo da pele

é difícil sair da própria casca
mas ainda assim o faço
à noite 
quando posso ser
livremente inútil
e bondoso com meus machucados

enaltecendo quem sou
cantando uma canção de mim mesmo
de lágrimas língua e peito
traçando de toda posta derrota
degraus improvisados à vitória

para eu estar aqui
com todo o tempo-espaço que existi
tive de seguir adiante
não se engane:
continuar é a mais corajosa
demonstração de força

e eu espero 
que você continue.

DEIXA EU VIVER MINHA VIDA

pois ela é minha
milagre de um universo
cheio de vagas estrelas infinitas

hoje eu quero uma latinha
na praça da quebrada
dividir com quem me faz sorrir

quero vestir o que sou
curto comprido o que for
preto e branco colorido
uma vontade de cada vez
todas numa dose
da gente

deixa eu escutar
meus gritos meus barulhos
que pra você não é música
mas pra mim é tudo
sonora melodia da noite
escura só pra quem
não tem luz

deixa eu errar pra aprender
experimentar pra não gostar
e que goste uma parte minha
e que se perca tentando
me encontrar
é assim que é feita gente
(as de verdade, pelo menos)
queimando o que tem de queimar

como uma estrela que vaga
num universo meu
cheia de agora
orbitando a infinda aurora.