domingo, 5 de maio de 2024

DOENÇA

tô doente de vida
pano molhado de álcool
na testa dos fatos
na febre dos tatos

eu tô vivo de momentos
ser humano de pedaços

eu vejo minha infância
eu não entendo minha criança
tão livre de meus erros

morrer é uma escolha impossível
que acontece sempre

o que são os outros quando não eu?

a parede
a parede
diz bege
como todos no trem

eu treinei minhas falas
e tropeço no nada
como gente cutuca o próprio vazio

bastou uma picada
fluiu caos nas veias do relógio
sangrou abismo aos olhos do espelho

tô doente do que desconheço
cabeça leve 
igual poluição