Tô te encarando
mas a sua poeira
caiu no meu olho.
Os dias incessantes
pararam no mesmo instante
e o que já fui
agora junta pó
numa estante.
Me pica, vai, pica eu.
Eu preciso disso
e você também.
Tenho
uma mente criativamente destrutiva,
aos rascunhos, sobrevivendo nas rasuras.
Busco nas alturas o que deixei
por baixo dos panos.
O plano é manter a cabeça
fora da própria mente.
Me pica, vai, só uma picadinha.
Senão eu morro
e você também.
Tô te encarando, teto,
mesma madeira de sempre.