terça-feira, 29 de setembro de 2020

A LIÇÃO MAIS VALIOSA


Depois que seu ego
leva um soco na cara,
você aprende
a lição mais valiosa:
viva fora da sua mente.

A sua mente vai
inventar histórias e
contar mentiras e
desejar vingança.
Não foque nisso.

A sua mente vai
elaborar planos
no meio da madrugada.
Não foque nisso.

Ela vai te prender
no que já foi.
E então vai
ansiar pelo que
talvez não aconteça.
Não foque nisso.

Ao invés disso,
foque aqui no
mundo de fora.
Nas suas ações.
Esqueça essa imagem
que você tem de você.
Esqueça em tentar
protegê-la.

Respire FUNDO e
foque apenas na
maneira que você
gostaria de agir
aqui e agora.

Deixe que digam,
que pensem,
que falem.
Estão apontando o dedo
apenas para a opinião
que eles têm de você.
E você não é uma opinião.

Assuma os riscos,
assuma os erros
e continue
aqui fora.
Continue presente.
Continue agindo,
alcançando seu potencial,
fazendo o melhor
que dá pra ser feito agora.
FOQUE NA ATITUDE.

E se o seu ego
se ferir,
deixe que morra.
Não é ele que controla
seu corpo e suas ações.
É a sua vitalidade,
a sua consciência.

Você é maior do que
qualquer história.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O VENDEDOR DE POEMAS - PDF Gratuito para baixar

Finalmente terminei minha primeira coletânea de poemas.

Você pode baixar gratuitamente o PDF clicando AQUI ou no final desta postagem.


Nesta obra, eu dividi os poemas em 4 categorias:

NA RUA - poemas sobre meu cotidiano como vendedor de poemas.
NO SER - textos introspectivos e conselhos inúteis.
NO SEXO E NO AMOR - poesia erótica e desilusões amorosas.
O FUMO - um puta poemão enorme que eu escrevi de uma vez só quando alienígenas possuíram meu corpo.

Caso queira doar alguma quantia, fique à vontade:


Espero que você tenha uma ótima leitura. 





ENTROPIA

São quatro horas da manhã e
daqui a duas horas eu preciso estar
funcional.
É tão difícil conseguir um
maço de cigarros e é
tão fácil fumá-lo ou 
jogar tudo no lixo.
Destruição é o princípio do
universo, e eu entendo meu papel.
É que eu ainda me preocupo
com as pequenas coisas, com as
pequenas humilhações cotidianas.
Talvez essa seja minha âncora
neste mundo; minha amada
ansiedade.
Eu sei o final,
eu sei qual é a porra do final.
E mesmo assim cá estou: no meio.
Você amaria alguém que vai morrer?
E por que você o ama?
Esta é a sua vida, fadada à entropia.
Ponha um sorriso
na merda do seu rosto.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DESPERDÍCIO

DESPERDÍCIO

Há dias em que
é melhor
ficar parado.

Deixar tudo passar
sem intromissão.
Estou dizendo para
pegar este dia
e rasgá-lo 
e queimá-lo
como se fosse
uma nota de 200.

Não veja como
desperdício;
é só uma questão
de controle.

Deixe o tédio sufocar
seu ser por inteiro.
Sinta-se inútil.
É seu direito
de nascença.

Nada de criar,
reclamar, beber.

Seja apenas fumaça.
Espere subir aos céus
e caia na gente
como chuva escura.

Não ser 
também é uma
escolha.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

MAS EU TÔ BÊBADO

Não fure a fila.
Não diga isso.

Mas eu tô bêbado.

Não seja escroto.
Peça desculpas.

Mas eu tô bêbado.

A lua tá estranha.
E se até a lua
tá assim
eu também posso estar
minguante.

Não faça isso.
Não seja aquilo.

Mas eu tô bêbado.

Tá invencível.
Tá todo torto.
Caiu da escada e não morreu.
Dia nascente,
noite morrente.

Otário solitário
mordendo a própria corrente.

Não me pergunte onde vou.
Não me diga o que fazer.

Eu tô bêbado, bem louco.
Pronto pra me foder.

Amanhã, talvez.
Amanhã, talvez.

AMA

Pálpebra inchada e dolorida. A moça da recepção diz que só há um médico atendendo. Olho para trás e vejo mais de trinta almas esquentando os bancos com suas bundas e doenças.

Esse tom robótico do sistema público de saúde é um exercício de humildade; você não é especial. Nessa claustrofobia há perrengues maiores e menores do que o seu. Aguarde seu nome ser chamado. Pode se sentar. Tento soltar uma piadinha mas é como fazer cócegas na argila.

Há um mercado aqui perto. As chances de um antibiótico ser receitado são altas. Vou beber uma última cervejinha. Escolho o latão de meio-litro e bebo como uma dose de cachaça. Os enfermeiros me olham e me invejam. Eu sei disso. Sinto nos folículos da minha pele. Pois eu também os invejo: toda profissão é útil mas só a deles é reconhecida. Ninguém agradece o pessoal da limpeza. Há lendas de que eles nem existem, mas eu vi um deles certa vez e era uma moça que escrevia poesia. Invisibilidade dupla.

Reparo nas árvores do lado de fora e nos gritos de indignação lá dentro. Coqueiros que lembram a praia e indiferença que remete o inferno. Termino o latão. Enfio, penetro, arregaço meus ouvidos com fones de ouvido e boto um indie pra tocar. Não dá pra reclamar mais baixo não? Você está estragando meus privilégios. Suas queixas não estão no ritmo certo.

Nenhum nome é chamado e o time de enfermos em nada muda. O relógio da parede está até tonto. Resolvo ir embora. Há dias em que não adianta forçar.

Na manhã seguinte, a moça da recepção pergunta o que tenho. "Vou te responder apenas com um olhar". Tiro os óculos escuros e ela dá risada. Minha pálpebra esquerda dobrou de tamanho. Perco a singela simetria facial. Entretanto aquela risada me embelezou de alguma forma. Gosto de ser palhaço. Gosto de ser o tolo, mas isso é assunto para outro momento.

Oito bundas desta vez, e vários médicos ao invés de um só. Foi rapidinho. Uma pomada e compressas de água quente. Beijo, tchau, obrigado, bom serviço. Passo na farmácia do posto e consigo a pomada de graça. O farmacêutico é um amor.  O sistema público de saúde às vezes funciona. Há dias em que não precisa forçar.

Volto para casa mais lindo, tranquilo e humilde.

A FODA PERFEITA

No meu quarto.
Sem pressa alguma.
A pessoa gosta de Naruto.
"Vamos fumar um antes?".
Eu não tenho um
ataque de pânico por causa
da maconha.
Meu pau fica duro
por mais de 5 minutos.
Sexo oral.
Meu maxilar chega a doer.
Qualquer música ambiente,
de preferência Jazzhop.
Todo mundo goza. De verdade.
"Meu personagem favorito é o Nagato".
"Gosto muito do Itachi".
Breja.
"Adoro a vibe do seu quarto".
Segundo round.
Deixa fazer na cara.
"Tá tarde. Quer dormir aqui hoje?".
"É lógico!".
Terceira rodada, ou uma
longa conversa sobre
Bojack Horseman.
"Carai, que fome".
"Bora pedir uma pizza?".
A pizza chega em 15 minutos.

NUNCA TRAÍ MINHA POESIA

Mas ultimamente
não posso dizer o mesmo dela.
Não que eu queira controlar
o que ela pode ou não fazer.
É que se não fosse por mim,
ela não seria nada.
Apenas uma idéia polêmica
escondida num nicho
da minha mente.
Tem gente que vai falar
que eu tô sendo
artista
por pensar assim.
Mas nem todo poeta
é artista.
Eu mesmo não sou
porque minha mãe me educou.
Afinal, se fosse ao contrário,
se eu traísse a poesia,
seria considerado
o "adultão", o "bem-sucedidão".
É um mundo bem injusto
para ela.
Julgá-la por ter me traído,
enquanto tantos outros
poetas maltratam e traem
suas poesias
é, enfim, a hipocrisia.
Desejo toda sorte do mundo
para todos os envolvidos.
Agora, mudemos de assunto.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

QUANDO TUDO ESTÁ PERDIDO, LEMBRE-SE

Não precisa elogiar meus
textos.
Elogie minha teimosia.
Elogie os anos que perdi
e os anos que ainda perderei.
Elogie meus erros.

Aplauda minha falsa indiferença
ao escárnio.
Aplauda minha coragem
de doar pedaços de mim
para estranhos.
Aplauda meu primeiro passo
tosco e ridículo

Escrever é a parte mais fácil.

Não se entregar
quando tudo corre
na direção oposta;
eis a maestria.
Não enlouquecer
quando o mundo
pesa no peito;
eis a maestria.
Não deixar morrer
o amor daquele começo,
daquele momento que 
te botou neste percurso;
eis a maestria
que se tenta alcançar.

Há de se resistir.
Uma batalha após a outra.
Alma em frangalhos.
Aproveite seus machucados e
escreva com o próprio sangue.

Pode ser qualquer palavra.
Arquibancada,
Poder, Financiamento,
PLENITUDE, Juízo,
Bola de leite.

Não precisa elogiar
nada do que fiz,
nada do que sou,
nada do que posso ser.
Elogie a si mesmo e
aplauda o espelho 
quando tudo está perdido.

Se você falhar
igual a um deus
e seus dilúvios,
terá o mundo 
em suas mãos.
Falhe miseravelmente
quantas vezes puder.

Eis a maestria.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

CANÇÃO NOTURNA FELINA

Ao creme das nuvens uma
voz ecoa.
Pequenas patas esmagando amianto, buscando novos telhados.
Olhos teimosos.
Canto de um gato que não é meu.
Sussurro de porcelana
aos pés de uma montanha
de tijolos baianos.
Eu fico acordado.
Penso e não existo.
O impossível blasé caminhando
sobre meu quarto, gemendo
línguas de metal.
Cães começam a latir,
e o silêncio da madrugada
rasga-se em parcelas
até retornar vazio.
Eu fico acordado,
e o gato salta errado e
lambe o próprio cu.