quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

TEMPO RUIM

Só tá chovendo no meu quarteirão.
Pelo vão entre o sonho e a realidade.
E pelo tom do céu, tá chovendo no amanhã também.
Minha camiseta favorita estava
com cheiro de suor
e isso me obrigou
a lavar as roupas que acumulavam no cesto.
O sol tava lá,
todo besta sendo estrela,
enquanto eu botava sabão demais na água.
Estendi a roupa e,
algumas horas depois,
começou a chuva.
Só tá chovendo no meu quarteirão.
O resto da cidade no brilho negro
do asfalto quente.
A esperança e a ingenuidade
engolidas pela boca-de-lobo sedenta.
Minha camiseta favorita está encharcada e
eu perdi a vontade de
fazer algo a respeito.
Só quero deixar
a chuva passar
enquanto tento
não levar tudo tão a sério.