quinta-feira, 28 de março de 2019

SEXO MEIO NIILISTA

Se estamos sem roupa, 
com dedos enxarcados e
pulmões ofegantes,
a rotina de merda que
tivemos antes
não importa.
Nada mais importa.
Posso sentir o dia inteiro
saindo de você
nesta noite.
Estamos gemendo sons
sem significado para
o universo.
Mas, agora, a
marca da minha mão
na sua bunda significa
muita coisa.
Eu te levanto pela
cintura com braço
firme. Mordo seu
pescoço e puxo
seu cabelo.
Olho no seu olho.
Encaro o abismo
dentro de nós.
Eu o chamo para ser voyeur.
Chupo você completamente,
frente e trás, enquanto
seus dedos se prendem
em minha cabeça.
Seu gozo não é nada vazio.
Amanhã talvez seja.
Quem liga agora?

quarta-feira, 20 de março de 2019

A DANÇA DA FUMAÇA DO MEU ÚLTIMO CIGARRO

Eu mexo o cigarro aceso
pra que a fumaça
o acompanhe enquanto
minha coluna beija a cama e
meu rosto encara o teto e
minha mente pensa no
metrô, no centro da cidade
na garoa, à noite.
Não há muito mais do que isso.
Não precisa ter.
Só um cara da periferia,
no seu quarto,
fumando seu último Eight.
Há tanta arte alí que eu
nem me atrevo a enfeitar
a cena com sentimentos.
Você sabe o que ele tá sentindo.
Você também é
bicho urbano.

sábado, 16 de março de 2019

O MESMO RELACIONAMENTO COM PESSOAS DIFERENTES

Essa sua cara já diz tudo.
Já fala como acaba o mundo.
A gente não se olha mais,
não conversa mais,
não se fode mais,

mas

há um pouco de esperança.
Quem morreu por último
sorriu primeiro.
Novos ares, outros encontros,
recomeços e desencontros

mas

cê ainda tá lá em cima.
Meu pensamento pensa em você.
Nas palavras que não dissemos.
Eu só queria saber se

vai rolar

da gente se encontrar
pra simplesmente rachar
o mesmo litrão da primeira vez.
E eu sei que tenho seu não,
mas não custa perguntar

dessa vez.

É só pra variar,
porque das outras vezes
não perguntei.