terça-feira, 20 de junho de 2017

ARROGÂNCIA

Dói. O espaço vazio entre um pensamento e o outro. Simplesmente dói. Ter linhas em branco, uma infinidade delas, e os bolsos da cabeça secos. Reparei que humanos gostam daquilo que não gostam, ou pelo menos mantém estas coisas vivas. Um incêndio alimentado por uma lenha de cada vez. Nossas mãos sujas de carvão apontam para a cara um do outro, e ninguém sabe fugir ou lutar. Estou tentando, sabe? Eu tento todo dia em que consigo levantar da cama sem querer voltar. Mas as ruas dificultam as coisas, e as madrugadas são longas demais. Esse riso histérico e bêbado. Basta virar uma esquina que você verá garrafas bebendo pessoas.
Eu era uma delas, e então enjoei. Foi numa noite em que eu não queria mais tocar em ninguém. Simplesmente acontece: você não quer mais a respiração delas e as suas palavras martelando seus ouvidos cansados. Você busca a solidão e faz amor com ela sete dias por semana. Todo mundo é tolo demais, raso demais, chato demais. E é então que você sente algo parecido com ódio. E este ódio vira tristeza. Desesperança. Não há ninguém pra conversar; é tudo besteira, vai passar. Enquanto não passa, que tal um jogo de desafios?