domingo, 24 de janeiro de 2016

A FÓRMULA PARA SER HOMEM

Não deixe que a pobreza te subestime.
Um homem NUNCA, JAMAIS deve ser medido
Por dígitos.
Mas estão todos virando homens
Porque compraram um carro, ou uma casa.
São homens feitos de cheques, cartões, carteiras.
Eu posso parabenizar um homem por
Seus esforços.
Mas nunca por seus bens adquiridos.
Um homem pode carregar 60 quilos
De latas de alumínio
Para comprar pão.
Este homem eu parabenizo.
Um homem pode decidir não estuprar
Suas filhas.
Este homem eu parabenizo.
Um homem pode andar quilômetros
Em busca de água, e morrer no caminho.
Este homem eu parabenizo.
E existem outros, que passam no exame antidrogas
Depois de anos de reabilitação, que vivem
Sem nenhuma mulher, que enfrentam o mundo
Por gostar de outros homens.
Estes são feitos verdadeiros, que
Moldam o homem.
E não só homens; mulheres também.
Eu conheci algumas de muito valor.

R = f1 + f2 + f3...fn
O valor de um humano é igual à soma
De todos os seus feitos (f); deve-se expressar o resultado
Em RESPEITO (R).
Essa é a única fórmula capaz de
Te transformar em “homem”.
Todo o resto é porcaria, que as pessoas
De mais posses te fazem acreditar, pois
São incapazes de adquirir RESPEITO.

E eu me curvo diante de um homem que respeito.
Só não me faça ajoelhar diante de um homem
Que se acha alguém só porque tem algo que
Qualquer imbecil poderia comprar
Se tivesse sorte. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

DECISÕES

Eu penso em dinheiro e família
E vejo que os poemas
Não foram feitos para nenhum dos dois.
Imagino os livros nas prateleiras
Custando R$19,90.
Os intelectuais chamando-me de gênio
E os autógrafos
E as leituras
E uma cadeira na Academia.

Eu penso em desistir.
Mas o que eu faria?
Vendedor? Balconista?
Puta?

Não há saída fácil para as suas
Próprias decisões
Porque se você acha que
Decidiu algo, você na verdade
Não teve escolha.

Então eu penso no parágrafo seguinte,
No verso seguinte,
Na mulher seguinte,
Na conta seguinte e
O que tem pra comer na geladeira de
24 anos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

VALE A PENA SE APAIXONAR?

A paixão é popular, não?
Você vai ler agora o que
Eu tenho a dizer sobre paixões.

Bom, elas te fodem. Isso se
Você tiver sorte.
Caso contrário você vai lamber
Uma pessoa tão neutra quanto um
Manequim. É gostoso, mas
Não faz sentido algum e não
Dá cócegas no pâncreas.
A paixão de verdade vai
Te afastar dos amigos.
Vai te afastar de qualquer coisa
Que não seja a pessoa que te cativou
(escravizou?).
É como uma pneumonia, só que
Quem fica de cama é o seu
Cérebro, e quem cuida da casa
É o coração.
Não esse, que bombeia sangue,
Mas aquele outro, o vermelhinho e
Fofinho <3
A paixão te deixará jumento, estúpido,
Aéreo, minhoca e pulsante.
“Vale a pena, John?”, você pergunta.
Bom, você só vive uma vez.
Mas se você se apaixonar, vai morrer e
Ressuscitar quantas vezes
For preciso.

Agora vá lá mandar uma mensagem
Pro crush. 

SOBRE ESTILO DE ESCRITA

     Eu não escrevo palavras. Isso qualquer criança mal-amada consegue escrever. Eu ponho nos seus olhos sentimentos. Se te agrada ou não, sei lá, foda-se.
     Descobri isso quando tentei sucesso em um livro. Só que o livro ainda não existia, apenas aquela página em branco (digital), e o ponteirinho do teclado. Aquela barrinha preta, sabe? Que fica piscando e te dizendo que você é um inútil sem talento algum. Pois então, eu não conseguia escrever nada. Eu tentava e tentava e a única coisa que conseguia fazer era martelar as teclas. Martelar às cegas, desarmado de raciocínio ou arte. Arte. ARTE, em caixa alta porque merece.
     Eu botei o computador pra dormir. Peguei um livro e comecei a ler. O cara tinha estilo. Dava pra senti-lo, cheirá-lo, tragá-lo em cada letra. Eu virei inveja; não tinha meu próprio estilo, apenas tentava copiar o dos outros, e o mundo está cheio de cópias por aí. E mesmo que as cópias das cópias das cópias façam algum sucesso, eu não queria isso. Pra que ser só mais uma bituca de cigarro no cinzeiro se você pode ser um cachimbo? Ou um poste? Ou qualquer coisa que ainda não exista?
     Larguei o livro, acordei o computador e prestei atenção no que gritava dentro de mim. Era tédio com um “T” bem grande pra você (sim, é Legião. Ou Aborto Elétrico, não sei direito). Botei o tédio na página em branco e pari um poema decente – eu sei quando o poema é decente quando eu gostaria de lê-lo em um livro comprado por 50 reais numa banca de jornal.
     Naquele momento eu me descobri, igual quando me masturbei a primeira vez, com a porra em minhas mãos. Só que a porra agora estava digitalizada naquele documento. Agora sim eu estava pronto para encarar a vida. Agora sim eu era um indivíduo com estilo...
     Podem vir, obstáculos, com seus dentes e tripas e armaduras e cassetetes bastardos, que eu derrubo um por um com meu grande sabre de ARTE! Eu virei o touro ascendente em sagitário; sou boi, homem, cavalo e arco-e-flecha ao mesmo tempo, dando coices no computador ou dentro da sua irmã.

domingo, 3 de janeiro de 2016

RESPEITE OS MAIS VELHOS

Buceta.
Se Allen Ginsberg fosse meu amigo,
Eu estaria preso agora.
É bom poder falar de
Cus
Abertamente.
Falar de maconha, de duas garotas
Que se transam.
Os beats tinham o mundo, mas
O que queriam era censurado.
Queriam botar os pés na estrada e
Falar sobre drogas, jazz e o resto você
Já sabe.

Os heróis se sacrificaram para você ler
E escrever sobre tudo.
Você pode cortar a cabeça do presidente,
Pode dar a bunda,
Pode vomitar nas seringas,
Pode ser obsceno, obscuro, observar o
Trem carregado de seios e
Vaginas.

Aqui, os brasileiros estavam
Assistindo um presidente atirar no
Próprio coração.
Depois um vai-e-vem, e então
Expulsaram a liberdade para o
Lado de lá do oceano.
Os artistas tinham colhões e
Janelas quadradas com
Barras de ferro.
Tudo só acabou por que
Faltava dinheiro.
Temos heróis em território nacional
Também, mas aqui as pessoas
Preferem a televisão.
E eu prefiro assistir Dostoievski
Nas puras páginas dos seus
Livros sujos.
Não gosto de Hemingway, me desculpem.
Gosto da sua espingarda.
Os Veríssimos são ok,
Machado fez sua parte,
Mas eu sou meio Drummond.
Voltemos aos EUA..
A matilha está pronta, Buk era um lobo
Solitário, mas todo lobo
Uiva para a lua.
Hoje ela não está na moda e os lobos
São castrados e viram vídeos para a
Internet.
Essa geração está livre,
Mas no beat errado.

A COISA

Dê uma folga pra você mesmo,
Principalmente quando as pálpebras
Pesam 100 toneladas.
Quando sua caixa do correio
Estiver entupida de
Cobranças,
Não se cobre; já estão
fazendo isso em
Algum banco desta cidade.
Acabou a água? Beba-se, você é 70%
Líquido.
Acabou a luz? Bem, você está mesmo
Fodido, heim companheiro?
Só há uma coisa que você NUNCA deve
Deixar que te levem.
E essa coisa é tudo o que você
Precisa buscar nesta vida.
Complete a lacuna com o nome da coisa:

______________

TRÊS

Eles fodiam todo dia.
Este é um belo jeito de
Celebrar o amor.
Mas ninguém podia dizer que
Se amavam realmente.
Ele não peidava na sua frente.
Escovava os dentes antes de beijá-la
Arrumava-se antes de vê-la.
Penteava os poucos cabelos grisalhos
Com gel e vaidade.
Ela não arrotava, não cagava,
Não passava fome ao seu lado.
Depilava-se. Lavava a xota toda vez.
Menstruada, então, nem pensar.
Não se abraçavam depois de foder.
Não dançavam, bêbados.
Não bebiam vinho barato, não ouviam
Músicas juntos.
Tudo isso ele fazia
Com a esposa dele.

Ela também.

QUANDO ALGO TE ABANDONA

“Eu me sinto abandonado”, ele disse.

Eu estava ali. Estava do
Lado dele quando ouvi isso.
Queria poder entender esse
Sentimento de abandono.
Abandonado por quê?
Por alguém que nunca esteve ali?

“Eu estou tão sozinho”, ele disse.

Solidão é o refúgio do
Eu Evoluído.

“Nunca serei feliz”, ele concluiu.

Estava certo; nunca seria mesmo.
Não merecia. Não se amava. Não o culpo.
A vida corrói os muros da estima e
A paixão maltratada é o
Golpe de misericórdia.

CRISE

Não há crise se
Você ainda tem as duas pernas.
Se você sabe falar, comer,
Cagar, mijar, foder.
Não há crise se o céu
Continua lá em cima.
Se seus pratos estão cheios.
Se seus copos estão cheios.
A verdadeira crise é a morte.
A falta de tudo.
O escuro eterno.
A morte é tão pobre.
Não há crise se
Você consegue ler este poema.
Pare de reclamar. Isso é
Coisa de gente fraca.
Os fortes moram na rua, se
Esquentam com a própria urina,
Comem do lixo e pedem trocados.
Não há crise, mesmo no desemprego.                        
A crise, se é que existe,
é de amor.

CORRERIA

Corre que ainda dá tempo.
O ônibus ainda não abriu
as portas e você poderá embarcar.
Eu sei, você já está atrasado
Dez minutos. Seu chefe te disse
Que te daria uma suspensão se
Você chegasse tarde.
Mas corre que ainda dá tempo.
Empurre o mendigo, ignore o cão.
Não compre as balas do menino.
Xingue o motorista, esse lerdo.
Corre que ainda dá tempo.
Suas filhas ainda têm 11 anos.
Seus pais ainda têm 70 anos.
Corre que ainda dá tempo.
Restam pessoas vivas para amar.
As que já foram, eu sei, dói.
Você pode deixar umas flores.
Corre que ainda dá tempo,
Desistir de tudo, pular do prédio.
A não ser que você aprenda
A caminhar.
Ainda dá tempo.

COPOS CORPOS

Vamos falar de bebida, que tal?
O que seríamos sem o álcool?
Como aguentaríamos as coisas?
Bom, tem gente que aguenta.
Estão na reabilitação, na igreja,
Do lado direito.
Beber não é qualidade para
Quem não bebe.
Muitas destas letras estão bêbadas.
Se o cara que te entregou este poema está sóbrio,
Pague uma cerveja pro coitado.
A cerveja é um grande amor.
A primeira vez que a vi foi
Com meu pai, num bar.
Não gostei do nosso primeiro beijo.
Foi amargo.
Hoje em dia eu acho as coisas
Muito doces.
Um dia ela pode matar. Já sei.
Mas toda mulher pode matar.
Um brinde às mulheres que
eu não como, mas bebo.