quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

CINZAS SOBRE LEMBRANÇAS

apaguei o cigarro
sem fogo no peito
fôlego fragmentado
fricção frágil
fácil quebrar
um pouco mais
aquilo que se
esconde do "mas"

cinzas
sobre lembranças
quis a música
sem saber a dança

o que estava
dentro de mim
eu queimei como
último poema
uma memória
pra se esquecer
como o nunca

o que muda
agora que o maço
é só um vazio?

vou respirar
uma melodia
que me cante
outros dias
sem raiar 
o que já foi

apaguei o cigarro
a luz
meus olhos
e fui
meio destroço
dormir amanhã

VÔMITO

seguinte
mesmo que eu grite
palavra triste
sobre o sol risonho
todo sonho
me causa incômodo
tudo que ponho
e o pouco que ganho
negativo em todo aplicativo
vivo morte social
é legal ser anormal
tudo nada pago e tal
de bem pro mau
sal grosso sem sal
salto corres dilacerantes
o fácil de hoje
é o difícil de antes
que me encante
algum encanto em qualquer canto
eu canto em qualquer ângulo
pra fazer seu ouvido sorrir
só pra eu seguir
rir de toda graça
que sou cego pra ouvir

QUALQUER ÂNGULO

seguinte
mesmo que eu grite
palavra triste
sobre o sol risonho
todo sonho
me causa incômodo
tudo que ponho
e o pouco que ganho
negativo em todo aplicativo
vivo morte social
é legal ser anormal
tudo nada pago e tal
de bem pro mau
sal grosso sem sal
salto corres dilacerantes
o fácil de hoje
é o difícil de antes
que me encante
algum encanto em qualquer canto
eu canto em qualquer ângulo
pra fazer seu ouvido sorrir
só pra eu seguir
rir de toda graça
que sou cego pra ouvir

SER NADA

sem nada pra fazer
eu faço qualquer coisa
que envolva
pensar nada
esquecer tudo
mente no mudo

rabisco minhas próximas
estrofes
com tinta forte
suor sangue e fumaça

diluída numa lata
e em palavras

é difícil manter-se a si
quando o mundo te pede
um pouco de cada 
todo seu

não sei que faço com saudade
presente póstumo
que só pesa minhas portas
as que são difíceis de abrir
para outros

sufoco
sem nada pra fazer
tédio com um "T"
parabéns pra quem perceber
que vive o mesmo entardecer
da sua luz
todos os dias

pensar nada é liberdade
vazio é espaço
e no espaço
girando 24 horas por dia
é onde
vivemos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

ESSE CÃO

olha só
se não é suficiente
tudo o que sou
talvez
não
devêssemos

se não tem eu na gente
ou até você em nós
minha voz
não tem som
ou sentido

esse cão velho
não aprende novos truques
não insulte
as marcas
passadas
depressa e profundas
esse cão velho
tem um tempo
pra se recuperar

olha só
desde que começamos
eu não quis terminar
em notas jazz
improvisadas
como batidas
do meu coração

mas se não tem nós
nos seus planos
eu me desamarro
de todo nó cego
até enxergar uma saída

PRÓXIMA ESTAÇÃO:

próxima parada
é minha última estação
espero no vão
promessas semicumpridas
prometo a mim mesmo
parei de prometer
acho que vou ser

ação
sem medo
da reação

viajo, eu sei
foi assim que cheguei
e é como chegarei
nos meus melhores lugares

muita canção cantei
sozinho 
muita voz muita parede
meus vizinhos medem dias
modos que não tenho

prometo a mim mesmo
ser mais feliz
fazer da alma uma atriz
que sempre sorri
pro caos da platéia
mesmo que só sejam
os bancos
em branco
palmas e desencanto
num silêncio de acaso

próxima parada
espero, entre o vão
e a saída do meu interesse,

um ponto nesse seu final

ONDE AS NOITES SE ENCONTRAM

pés de Augusta
o fígado pensando
qual buteco tem a alegria
mais barata

quando escurece
os desejos ficam
mais claros
desejei sua boca
na sua vinda
e me apaixonei
pelas suas costas
na sua ida

despedida despida
é maravilha risada
de todos os dentes
a gente uni nossas noites
onde elas se encontram

os letreiros apontam
qualquer direção a ser seguida
pra cima
eu por baixo
(eu pra baixo)
acho que não tem como
ficar triste por muito tempo
quando o próprio tempo tem pressa
passa mescla
as horas num minuto

pés de Augusta
paulista
estações mandando a gente embora
espero lembrar disso tudo
amanhã