meus pulmões eram fumaça
quando o abrir da latinha
ecoou mais alto pela
noite sedenta
lá estava um corpo quase meu
caminhando os meios da rotina
num chão que já me conhecia
pelo nome
essa vida ainda
guarda segredos
que eu talvez já conheça
mas gosto de sussurá-los
de pertinho, no ouvido do vento
"quem não vai me conhecer hoje?"
apago a bituca esgarçada
na ponta da bota cansada
meus colares pesam no peito
não mais do que
tudo o que tem me feito
eu fico leve na gravidade do luar
desejando um eclipse
desejando minha cama
e qualquer boca
que saiba dar
um beijo de verdade.