a sombra de tudo dança em círculos
me cansa os dedos contar o infinito
quantas gotas cabem nas goteiras?
minha gata mata uma barata na brincadeira
que canseira este cinza molhado
e guarda-chuvas aglomerados
bueiros entupidos de passados
a boca de lobo engasgado
com a saliva das nuvens
pego meu violão e maltrato
suas quatro cordas
pego meu coração e distrato
suas boas memórias
é, sonhei contigo de novo
a gente dançava de novo
a gente se abraçava de novo
a gente um dia amou
um ao outro...
preparo qualquer coisa pro almoço
(arroz mexido com ovo)
e assisto a chuva com a mão no queixo
usando um óculos que comprei na feira
esperando alguma coisa
que não é mais.