terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

VOCÊ NÃO SABE MINHA FORÇA (ver. 4.0)

para eu estar aqui
com todos os meus átomos
vibrando o som
até suas orelhas
você não sabe quantas olheiras
tive de maquiar.
 
andar por aí indivisível
fazer possível o impossível
prevendo o imprevisível
às vezes calmaria
noutras pensamentos impulsivos

você não sabe minha força
dentro da minha alma há uma coisa
gritando: ainda estou aqui
eu sangrei e sobrevivi
ao que não pude.

meu espelho quer que eu mude
aquilo que ele não reflete
os rabiscos presentes da vida
cicatrizando debaixo da pele
traçando depois de toda derrota
degraus improvisados à vitória

para eu estar aqui
com todo o tempo-espaço que existi
tive de seguir adiante
não se engane:
continuar é a mais corajosa
demonstração de força

e eu espero 
que você continue.

FODA-SE SE EU SOBREVIVER

poemas pra quem?
todos chegam mas ninguém vem
todos se lêem sem se conhecer
eu tento me convencer
num gole de cada vez

mais uma vez
vem verso vasto visto
no vazio
por que insisto?
isso é tudo o que eu sinto
e nem um pouco
o pulmão cheio de frases
fica oco
a mente nas piores fases
eu fico louco
a garganta arranhada
dos gritos não ouvidos
eu fico rouco

poemas pra quem?
se prefiro ficar sozinho
mesmo na companhia do infinito?
mar de gente mar de passos
presas por fugir do abismo
escute o que digo:
nada faz sentido

poesia pra quê?
se de todas as cores vemos cinza
e nada realmente é pra se ver?

poesia pra quê?
eu sei lá
eu não sei
escrevo poemas
e foda-se se eu sobreviver.