o tempo nos caminha
nos passeia,
decora nossos corpos com rugas
e cicatrizes.
talha nossos corações,
um filete para cada despedida.
ninguém nunca é o mesmo.
até as estátuas queimam.
símbolos caem.
e eu raspo meus cachos
buscando as respostas
que já tenho em mim.
jogo fora cabelo morto e virgem
numa sacola de reciclagem.
dou um nó duplo
e sinto o vento na cabeça
como há muito tempo não sentia.