odeio ter que me entender.
mas só pra ver onde é que dá
os caminhos que me foram empurrados
eu sigo abrindo a janela
todas as manhãs.
o mesmo quadro em branco
perdendo valor no leilão do tempo.
não quero novas amizades
porque já entendi com as velhas
o que acontece quando há
conflito de interesses.
não quero amar mais nada
porque vai ser duro
me despedir do que já amo.
perdi o interesse em você.
muita ladainha.
engane-se o quanto quiser.
tô no limite do engano.
tô vacinado de encanto.
por enquanto eu vou procurando
não sei o quê
não sei onde.
parei de tomar café
para não sentir ansiedade
e agora eu sinto nada
e o nada é a pior doença.
a indiferença fingindo indiferença
quando tudo vira ofensa
e a cabeça já não pensa
ela pulsa tritura desfigura
até a inocência
de um animal.
sim, eu perdi o interesse.
nenhum fio me segura.
tive que cortar os laços
com a lâmina cega do absurdo.
queimar seu nome
escrito num pedaço de papel
pra ver se esqueço
de pensar em você.
perdi o interesse em mim
nas histórias
na cerveja
nas ruas do meu bairro.
esse Jardim São Pedro tá seco.
meus galhos áridos
magros e ingratos
balançam numa terça cinza.
nunca mais foi verão pra mim.