domingo, 26 de julho de 2020

É A ÚLTIMA VEZ QUE BEBO

Eu bebo. Muito. Muito mesmo.
Só que álcool é uma agressão
ao corpo.
E hoje eu acordei
feliz por conseguir comer
uma torrada sem
vomitar minhas tripas.
Ontem tive a pior
ressaca da minha vida.
Tudo de uma
inutilidade absurda.
Como se eu mastigasse
flores e depois as cuspisse e
então as mastigasse novamente.
Chegar a ficar bêbado
e depois sóbrio.
Repetir.
Sóbrio e depois coxas bêbadas
voltando a lugar algum.
Um ciclo infinito de
dormência e ansiedade.
Como se eu não existisse.
Meu corpo inteiro dói,
meus joelhos doem
de tanto eu me agachar
na privada.
O preço por querer
facilitar as coisas.
Por querer fugir,
por não gostar de mim
o suficiente para me esfregar
na cara das pessoas.
Ontem eu tive essa ressaca,
tempo nublado
dentro do estômago.
O melhor que pude fazer
foi dormir.
Jogar fora um dia inteiro
da minha vida.
Hematomas mentais
sobre a luz de domingo.
Eu sendo vítima de mim.
Mas hoje saiu um sol
bem tímido.
Acho que mereço
um pastel
pelo menos.