Eu tento ser normal pra
me encaixar nas peças
adjacentes, mas a figura
como um todo não me
parece lá essas coisas.
Pelo menos não enquanto eu
vejo a foto do país.
Eu quero ser diferente,
me expressar com cada
meia que eu visto e
com as jaquetas
da minha mãe e
com o colar da minha amiga.
Eu gosto do estranho,
das entranhas que emanam
e não enganam a ninguém
com contas fakes ou
stories planejados.
Eu fujo do óbvio como
o diabo foge do sóbrio.
Fico eufórico só de
pensar no óleo da minha face
sobre o bico do seu seio esquerdo
(fugi do assunto porque estou
sedento por sexo).
E sim: quero foder esse teu corpo.
Me crucifique. Sou tão mortal
quanto a fé ou seus bisavós
ou a folha no outono
ou o sol daqui alguns anos.
Sou tão mortal e tão normal
que eu desejo coisas simples e
idéias que insistem,
brizas que persistem,
poemas que irritem
aquele que deu palpite.
Eu tento ser qualquer coisa;
nada me apetece.
Só me deixe dizer mais,
até eu calar a minha boca.