As gotas amplificadas no último volume,
caindo no meu telhado e
solando uma melodia impossível, mas
tão comum e, mesmo assim, tão
doce que você esquece que
está numa multidão.
Meus cigarros aplaudem a atração.
Há alguém comigo aqui,
alguém que um dia foi uma promessa.
Sua voz está distorcida e,
de algum modo,
percebo o quanto estamos distantes.
Pare de gritar no meu ouvido a
sua errônea concepção de
quem você queria que eu fosse.
Eu não sou suas expectativas e
nem mesmo sou as minhas.
Sou só um cara que procura a
felicidade
em todos os cantos possíveis,
em todos os shows e
em todos os erros.
A chuva abaixa o volume.
Agora eu posso escutar com clareza
o quanto estamos roucos de tanto
discutir algo que já está morto.
Acho que preciso sair, dar uma volta e
encontrar um pouco de esperança
nos olhos vermelhos que me
pedem um trocado.
Não tenho hora para voltar, e
isso pode até virar
algo produtivo.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
ESPETÁCULO
DEVERES
Hoje eu levantei e
não quis conversar nem comigo mesmo.
O espelho me olhou e disse:
"Bem que você poderia melhorar essa cara".
Joguei água no meu rosto, desisti e
molhei meu corpo inteiro.
Hoje é dia de sair de casa e
encarar pessoas.
Abri meu armário de máscaras e
peguei qualquer uma que me servisse.
Acabei pegando a do poeta de sorriso fácil.
Não dá pra sair na rua sem uma máscara
porque o sol e as pessoas emitem
radiações perigosas para nossa
pele frágil.
Cumprimentei um vizinho, e o
céu estava parcialmente nublado.
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